segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ela buscou dentro de bruxas e demônios
algo para viver
colocou-se entre os escombros
para conseguir dizer

Que no céu da boca havia um gosto amargo
que no que repudiava encontrava afago
que em seu ego vivia um rato
um pacato e um ingrato

E nada lhe parecia bom,
não existia algo ali que ainda a excitasse
porque nada encaixava no tom
porque nem ela mesmo conseguia enxergar a sua face

Olhava-se no espelho,
via um ser deformado,
entrava em desespero,
por ver que era apenas mais um ser ilhado

Tomou os seus comprimidos,
afastou dos seus amigos,
não voltou mais pra casa,
cortou as suas proprias asas...

Pensara em não mais levantar das próprias cordas que amarrara em seu proprio corpo,
pensou em não mais deixar a condição de louco,
e não mais deixou,
morreu pouco a pouco
atirou-se no poço
raso demais para sobreviver
fundo demais para se reerguer
por tempo demais para apodrecer...
De repente uma vontade de postar associada ao tempo livre...


Então conheço o meu passado como ninguém,
e o meu futuro parece previsível,
canto canções que me convém,
tudo que passa em minha mente, possível...

Possivelmente não há nada de novo na janela do meu quarto,
e nenhum silêncio mais me convence,
não existe mais algum pacto,
nada de verdade saem de palavras quando os olhos mentem...

Ainda escrevo devaneios,
interlúdios, crendices,
sandices como desespero,
bombardeios lá fora,
caindo em minha cabeça como mísseis...

e nada mais existe,
nada mais me disse,
nada mais insiste,
nada mais resiste,
ao tempo, ao tormento
ao canto escuro,
ao submundo,
ao choro imundo...
carregado de lágrimas radioativas,
cruéis e insanas,
acabam-se as palavras
com frases se quebrando como porcelana.